-> Antes de mais nada, me perdoem por qualquer erro de concordância/português/edição que venha aparecer nos textos a seguir. A correria é grande e o tempo para escrever/revisar/editar é pouco. Espero que aproveitem!
TEMOS QUE SAIR DAQUI (EUA, 2013)– Bobby e os namorados BJ e Sue são um trio de amigos com uma típica juventude no estado do Texas. Os dois últimos vão se mudar da pequena cidade rumo a faculdade, deixando BJ para trás. Para bancar uma festa de despedida digna para a amizade entre eles, BJ assalta Giff, sem saber que o mesmo trabalha para um gângster da região, o Big Red.
O autor do furto e seus cúmplices (já que o ajudaram a gastar toda a grana em um único final de semana), ou seja, os três amigos são obrigados a repor a quantia roubada. O alvo? Big Red em uma de suas conhecidas transações de lavagem de dinheiro.
Soma-se a confusão a traição de Sue com Bobby descoberta por BJ. Sem ter ninguém com quem contar numa situação dessas, BJ revela o caso para Giff que se aproveita da situação e trama em segredo sem que saibamos se o que vem em seguida seja realmente uma consequência da ação dos protagonistas ou uma armação.
Assim, Temos que Sair Daqui envereda por caminhos interessantes entre o indie e o thriller, saindo-se bem nos dois campos, enquanto o seu título vai ganhando diferentes interpretações até a chegada de seus créditos finais.
NOTA: 4/5
QUANDO OS ANIMAIS SONHAM (Dinamarca, 2014) – Marie está começando uma nova etapa em sua vida ao começar em um novo trabalho com cortes de peixes. Em casa, junto com o pai, ela ajuda a cuidar de sua mãe que precisa de atenção constante.
O fato de estranhas manchas vermelhas surgirem em eu corpo, o que exige acompanhamento médico frequente, está intimamente ligado ao fato de sua mãe viver numa cadeira de rodas agora. Assim como sua protagonista, o espectador de Quando os Animais Sonham também vai, aos poucos, descobrindo os segredos que envolvem Marie e sua mãe e o porquê as duas despertam tanta desconfiança naqueles que a conhecem.
As revelações ocorrem lentamente, a medida que o aparecimento das características físicas da criatura interna em Marie vão surgindo. As humilhações que esta sofre dos colegas no emprego apenas aceleram o processo de transformação e intensificam as explosões temperamentais, cada vez mais recorrentes, da garota. Uma ficção inteligente na construção do suspense e na explicação de sua própria mitologia de lobisomens, que fica subtendida entre os acontecimentos.
NOTA: 4/5
A GANGUE (Ucrânia, 2014) – Um grupo de adolescentes vive numa espécie de internato onde aparentemente não há controle algum após o término das aulas. Estudam ali durante o dia, mas saem com extrema facilidade durante a noite sem serem impedidos por ninguém.
Com essas escapadas noturnas, eles conseguem manter o grupo informalmente constituído por eles. Assaltam vítimas indefesas na saída de supermercados, passageiros de trens de viagem e usam as poucas meninas que o compõem para arrecadar dinheiro satisfazendo o prazer sexual de caminhoneiros. A crise ocorre quando um dos garotos começa a gostar de uma das meninas e torna-se um empecilho para o funcionamento habitual da gangue.
A Gangue é uma realização extremamente corajosa e ousada. A história em seu resumo é comum para todos os seus espectadores, mas a construção da mensagem em cada uma de suas cenas é uma tarefa individual. A menos, é claro, que você compreenda a língua dos sinais. O filme em todos os seus 132 minutos é “falado” nessa língua e uma mensagem em seu início é clara: não haverá legendas na sessão que se inicia. Saem os nomes dos personagens e entram as características físicas dos atores para distinguirmos quem é quem na trama. Por essa razão que o filme possui um trabalho primoroso em mixagem e edição de som.
Mas não se deixe enganar. Apesar de ser todo em libras, esse fato não alivia e nem atenua a imensa carga de violência que o filme traz consigo. Não só pelas ações desses jovens, mas envolve também a realização de um aborto clandestino e um ato de vingança em sua última sequência. Crueldade é pouco para descrevê-lo.
NOTA: 5/5